Não pretendo aqui fazer um artigo completo sobre a conservação dos vinhos, mas apenas sobre o mínimo necessário a se saber a respeito.
1 os choques térmicos:
O que danifica mais os vinhos, acho, são as mudanças bruscas de temperatura….a noite, 18 ° e durante o dia, 34 ... então por causa disso…. é muito difícil armazenar um vinho vários meses nessas condições… é necessário por conseguinte encontrar uma lugar com isolamento térmico suficiente… Foi transportando vinhos fortes e alcoólicos sobre a ponte de suas embarcações que os ingleses descobriram a transformação dos vinhos Madeira… os vinhos aquecidos ao sol sofriam uma transformação que acelera o seu envelhecimento e que durava toda a travessia….esse fenômeno foi reproduzido para devolver ao vinho, o gosto passado e açucarado que tanto os agradava...
2 a baixa umidade relativa do ar:
As rolhas são feitas de cortiça e o vinho respira através da rolha… mas se a umidade relativa do ar no ambiente for muito diferente da umidade no interior da garrafa (100%) , o vinho tende a penetrar na rolha assim como a caipirinha no canudinho que usamos para sorvê-la… e então… a catástrofe! dizemos que o vinho ou a rolha vazou. Mas no Brasil, geralmente, a umidade se mantém em bom nível, entre 80 e 90%….isso não vai prejudicar o vinho… já a climatização seca, ao contrário… e se ela não for acompanhada de um umidificador , isso pode ser pior para conservar e armazenar o seu vinho num apartamento com ar condicionado... Na minha opinião, uma garrafa na qual o espaço entre o "espelho" (parte inferior da rolha) e a superfície do vinho é superior a 15 mm, "a priori", já seria desfavorável antes mesmo de abrí-la…
3 a luz…
Mas isso é mais fácil, basta limitar a incidência de luz sobre as garrafas, sobretudo as garrafas brancas de certos vinhos brancos… inclua-se aí, as garrafas de coloração verde que limitam o efeito da luz ainda que mascarem a cor verdadeira… certas garrafas frágeis podem mesmo ser embaladas em papel…
Resumidamente se vocês não têm onde colocar uma adega tecnológica e elétrica (farei certamente um artigo sobre esta questão) ou, se quer economizar a energia do planeta, procurem uma lugar relativamente fresco… e sobretudo sem grande variação de temperatura… é melhor uma lugar que permaneça entre 20 e 26 graus qualquer época do ano, mas que tenha umidade constante, do que um lugar à 18° com ar condicionado e durante suas férias, fique um mês todo à 35°…
Se vocês respeitarem estes critérios, os seus vinhos envelhecerão mais rapidamente que na Europa, mas serão bons… não 10 anos nem mesmo 4 anos, mas se conservarão vários meses ou mesmo um ano até!... são vinhos feitos e "talhados" a suportar, quero dizer, os vinhos encorpados e com graduação alcoólica. Com um pouco de sorte e evitando os choques térmicos, eles ganharão em 1 ano, 5 anos de envelhecimento... Evidentemente numa adega na Bretanha onde eu bebi um Chateauneuf du Pape 1947 e um Chateau Calon Ségur 1952 é diferente, o solo é de terra batida, respira, tem umidade constante entre 85 e 90% (os rótulos sofrem, às vezes) e a temperatura permanece entre 12 e 14° qualquer época do ano… não é necessário sonhar com isso no Brasil… é preciso simplesmente respeitar esse belo produto…
E eu queria me ater ao essencial… mas já falei demais… não hesitem se vocês tiverem qualquer comentário a fazer… ou mesmo se não concordarem comigo… digam-me…